quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lidero o movimento
Berço de palha
Dado momento
Demasiado, extrato de vento

Beatnick

Sinto que sei
Sinto que só
Sinto melhor
Sinto que só sei melhor
Sinto que para
Sinto que não
Sinto que mais
Sinto que não para mais
Sinto que sinto
Sinto desejo
Sinto o que vejo
Sinto que me persegue
Sinto que deito
Nada mais ergue
Sinto muito
Quase nada
Sinto a chuva
Quero a estrada

sábado, 12 de setembro de 2009

O velho Mondeo

Um dia desses me peguei lembrando de um velho Mondeo repetido, que o pai de um amigo meu teve desde sempre, sinceramente cheguei a conclusão de que foram vários Mondeos, mas prefiro acreditar que o velho mondeo é mais que um simples meio de transporte, o velho Mondeo é uma vida ou duas, é alegria, é confiança, é quase um casamento bem sucedido cujo a viúva negra é o carro, eterno e indescritível, se escondendo atrás de seus frios e escuros vidros.

Fiquei por algum tempo pensando nas histórias quase reais que a minha cabeça louca faz questão de acreditar. Pensei nas viagens, nas malas, no banco de trás, na música rolando com o ar condicionado num dia de chuva. Pensei no movimento repetido e incansável naquela noite escura no alto do morro, pensei nos vidros embaçados, na respiração ofegante, enquanto o Bee Gees tocava um de seus sucesso-clichês mais ouvidos durante o sexo, não sei se existe essa lista, mas a minha cabeça louca se convence das coisas antes de mim.

O velho Mondeo é um e um monte, é tudo e quase tudo, é criado, criado mudo, repetido e exclusivo, repetidamente nosso, exclusivamente seu.

domingo, 30 de agosto de 2009

Blue

Quero um blues
Vindo do sul
Lindo que só
Feito de azul

Quero um blues
Para ouvir o ano inteiro
Mistura com o samba
Brasil tem um cheiro

Faz gosto cantar
Gritar e gozar
Ao som do meu blues
Que é feito de azul

Faz gosto gozar
Cantar e gritar
Ao som do azul
Que é feito de blues

As notas caminham
Por entre os meus dedos
Me da um arrepio
E enche de medo

Me sinto melhor
Com meu violão
Bem perto eu sinto
Sua respiração

Em meio ao silêncio
Posso viajar
De volta pro sul
Tocar o meu blues

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ciclo de Krebs

O espaço de tempo pouco importa nessa etapa, não sei quando começou e muito menos quando terminará, não faço questão, só peço que não pare, seja lá o que for essa sensação estranha de onipotência. A música certamente é a fiel tradutora das sensações pseudo-nostalgicas que neste exato momento tomam conta do meu corpo e da minha mente. O certo e o errado já não fazem mais sentido, graças a Deus, sempre odiei a convivência insuportável com esses dois parnasianos. O concretismo sim, esse faz justiça ao nome, como um muro de realidades deturpadas em concreto ele aparece, te mostra tudo sem precisar de quase nada.

As influências artísticas misturam-se em mim sem confundirem-se entre si, é como um quebra-cabeça de peças distintas, o melhor de tudo é não saber a imagem que ira formar-se no final. A imagem aos poucos vai se formando, e a cada vez que olho para o espelho de narciso ela me agrada mais, estou ansioso para ver aonde tudo isso vai parar, no que vai dar e o que vai restar de mim ao final do estranho processo lúdico.

Todas essas experiências começam a fazer sentido, e as idéias que outrora foram tão censuradas pela minha autocrítica já me parecem aceitáveis e cada vez melhores. Não há trabalho melhor que o meu, transformar idéias em sonhos e sonhos em idéias, apesar de lindo não é assim tão simples, exige alguns sacrifícios imensuráveis, como por exemplo, perder uma sacal aula de biologia sobre um tal de Krebs e suas peripécias por um mundo biológico pouquíssimo conhecido pelo eu lírico que vos fala.

A Chave

Portas se abrem
Portas se fecham
Portas se fecham, se fecham e se fecham

Sem ter a chave
Nada mais vale
Nem a vontade sem ela cabe

E o codinome que ja fez abrir
Fazem as portas morrerem de rir

Na contramão seguirei sem demora
Quero seguir, quero seguir

Gritos pagãos é o que eu ouço lá fora
Vamos fugir, vamos fugir

Na estação entraremos agora
Sem soluçar quero gritar

Pro mundo dos sonhos que existe la fora
Vou trabalhar sem vacilar

Pra nunca mais precisar de ouvir
Quero partir, quero partir

Omarelo

Todas as cores lindas
Da vida de aquarela
Misturam-se entre si
Se jogam da janela

Colorem e até mancham
Depende do porquê
Derruba e faz bagunça
Diz que foi sem querer

Escorrem pelos cantos
Na anti-gravidade
Estragam os tais mantos
Da luminosa-idade

As coisas e coisinhas
Se formam devagar
Sem pressa e sem pressão
Mudou-se a cor do mar

Pinta de amarelo
Tira o azul daí
Calça o teu chinelo
Venha ser feliz